quinta-feira, 8 de setembro de 2011

cursos, workshops...

Curso de Reiki 
com
Miguel Guimarães
nos dias 12 e 13 de Junho de 2010
ainda a associação Min-Arifa não estava oficializada

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Workshop de Shiatsu

Workshop de Shiatsu com Filipe Monteiro 
nas instalações da Associação Âncora  
organização Associação Min-Arifa 
 16 de Julho de 2011







Filipe Monteiro prepara novo workshop igual a este e tem programado um curso dirigido em particular a todos os profissionais da área de Saúde (enfermeiros, auxiliares de Saúde, técnicos de massagem, fisioterapeutas e outros) e a todos os interessados em desenvolver as suas capacidades de tratamento e de relaxamento geral.


O CURSO DE SHIATSU INCLUI:

- 50h de formação (teoria e prática)
- 50h de estudo e prática em casa
- Manual teórico
- Manual prático
- Auto-Avaliação teórica
- Auto-Avaliação prática
- Certificado final

PEDE-SE QUE TRAGAM:
- Roupa confortável
- 1 futon (colchão para massagem)
- 1 toalha
- 1 garrafa de água
- 1 par de meias a mais

ONDE SE REALIZA:
Associação Âncora
Santa Luzia



CONTEÚDOS:

·         A HISTÓRIA DO SHIATSU

·         CONCEITOS BÁSICOS DE ANATOMIA

·         TEORIA DOS 5 ELEMENTOS

·         YIN E YANG

·         MERIDIANOS ENERGÉTICOS E TSUBOS

·         ENERGIA KI

·         PONTOS SHU

·         O HARA

·         RECOMENDAÇÕES ESPECÍFICAS DE ENRAIZAMENTO

·         SEQUÊNCIA COMPLETA DE SHIATSU

·         CONTRA-INDICAÇÕES E CUIDADOS A TER


NO FINAL DO CURSO DE SHIATSU, É ESPERADO QUE O ALUNO SAIBA:

1. Identificar cada um dos meridianos energéticos do corpo.
2. Fazer uma sequência completa de Shiatsu.
3. Diagnosticar os pontos Shu e cada um dos órgãos a que estão associados.
4. Preparar uma sessão de Shiatsu.
5. Identificar os principais benefícios do Shiatsu no organismo.
6. Definir uma estratégia de tratamento.
7. Ter os cuidados necessários e ética profissional no tratamento com o cliente.
8. Compreender os princípios da filosofia oriental.
9. Arquivar os registos do cliente confidencialmente.
10. Observar a sua própria saúde, sabendo se está pronto a tratar o cliente.
11. Quando deve evitar fazer Shiatsu no cliente ou exercer pressão.
12. Contribuir para o bem-estar do cliente, proporcionando uma sessão relaxante e terapêutica.


Para mais informações sobre Filipe Monteiro pode ler a entrevista que lhe foi feita, no diariOnline da Região Sul:





Trabalhos realizados

"História Viva de um Quartel"
instalação de fotografia e video




No dia 19 de Maio de 2011 o Quartel da Atalaia completou 215 anos de existência. Esta instalação foi inaugurada integra-se nestas comemorações.




Esta instalação inclui a entrevista ao Comandante do Quartel da Atalaia, Coronel Nuno Pereira da Silva que nos mostra uma perspectiva moderna e mais aberta da instituição militar.
Esta entrevista encontrava-se à disposição dos visitantes na edição impressa do jornal, uma oferta do Região Sul e saiu no diariOnline e pode ser lida aqui:


Esta entrevista encontrava-se em cima da mesa, situada ao lado do sofá onde o visitante se podia sentar para ver o vídeo com cerca de uma hora de conversas/entrevistas feitas por Paula Ferro aos convidados do Regimento de Infantaria Nº 1 e imagens de instantes da vida quotidiana deste quartel:




Momentos militares




símbolos 









exercícios fora do quartel


































e muitos outros momentos da vida quotidiana deste quartel.




A instalação


História Viva de um Quartel
inclui uma brochura que resume a parte das entrevistas que se encontram no video.
Pretende-se dar uma pequena ideia da história deste quartel a partir dos testemunhos dos convidados pelo RI1.
Este evento integra-se no Conceito Artalaia:









Conceito ArTALAIA

O conceito ArTALAIA nasceu da junção das sinergias estabelecidas entre o Regimento de Infantaria I, a Casa 5 e a Associação dos Artistas Plásticos do Algarve, após várias reuniões, para preparar o dia da unidade que se comemorou a 27 de Setembro, data da batalha do Buçaco, onde este regimento teve um papel decisivo na vitória aliada contra os franceses. Pretende-se, com este conceito, estabelecer um programa cultural, a desenvolver ao longo dos anos, onde as entidades acima referidas, contando agora com a participação da Associação Min-Arifa, e em conjunção com a Câmara Municipal de Tavira, a Universidade do Algarve, a Entidade Regional de Turismo do Algarve e a INUAF, pretende contribuir para a dinamização cultural de Tavira e do Algarve. O Regimento de Infantaria N.º 1 pretende inserir-se, desta forma, na região algarvia, como um parceiro cultural a ter em conta como parceiro regional.
Esperamos que o conceito ArTALAIA continue a desenvolver-se no futuro e que venha a ser considerado, como pretendemos, parte importante do programa cultural algarvio, que tanto carece de iniciativas deste género.


Nuno Miguel Pascoal Dias Pereira da Silva
Comandante do Regimento de Infantaria N.º 1 no Quartel da Atalaia


Continuamos a apresentar passagens desta brochura que informa também sobre toda a instalação:


O documentário que integra a instalação não pretende ser um documento histórico e sim um registo de instantes que participam da história, posto que esta não pára, relembrando pontos de interesse que abrem portas a caminhos de pesquisa.

Porque os afectos são importantes e soldadores de laços entre seres humanos e instituições, e porque os afectos entre homens que viveram esta instituição e mulheres que pertenciam a esta cidade geraram famílias que hoje contam várias gerações, deixamos que aqui se exprimam salutarmente.
Os afectos fazem parte integrante do modo como este quartel e esta cidade sempre se relacionaram e, muito embora contornados pelas regras da conduta militar, eles existem, dentro dos homens e mulheres que vestem a farda e, entre estes e os civis que entram e saem quotidianamente deste local.

Este documentário não pretende apresentar uma lista exaustiva dos acontecimentos que aqui decorreram entre Janeiro e Abril de 2011, e sim, apontar alguns… integrados numa visão pessoal, de “turista” que se passeia por uma cidade diferente que a cada dia que passa a sente mais simpática, familiar… recheada também, de poesia.

Queremos agradecer a todos os convidados do Regimento de Infantaria N.º 1 para este trabalho, a amabilidade, a paciência e simpatia com que colaboraram nas entrevistas e se expuseram à câmara fotográfica e também a boa vontade e simplicidade com que expuseram momentos das suas vidas.
Queremos agradecer a todos os outros convidados do RI1, com que nos cruzámos, pelo modo natural com que engrandeceram esta mostra.

Paula Ferro
artista / jornalista em residência artística no Quartel da Atalaia como representante da Associação Min-Arifa.














Convidados do RI1:









Capitão Anica




Chegou a este quartel, pela primeira vez, em 1947. Saiu em 1961 para Lamego, para se preparar e seguir para o Ultramar. Fez quatro comissões em África mas quase sempre regressava ao Quartel da Atalaia.
“Aquele edifício era o refeitório”, explica, “mas quando vim para cá era um quintal. Aquele telhado foi feito aí à volta de 1950 pelo mestre carpinteiro, aí de Tavira, o Espírito Santo, e depois é que passou a ser o refeitório do Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria que era a Unidade que estava cá nessa altura”.
É historiador e tem diversos livros publicados. Emprestou textos originais em gesto de colaboração com o estudo deste quartel. 






Coronel Barreto Nunes

Veio para o Quartel da Atalaia como alferes, foi Comandante desta Unidade entre Novembro de 1993 e Março de 1996, quando esta se chamava “Centro de Instrução de Quadros”.

Lembra-se da “primeira senhora que entrou para a instituição militar a nível nacional. Foi em 1989, e foi aqui que ela foi incorporada, a Dr.ª Guilhermina, era médica. Depois, seguiram-se outras.”
Testemunha que as mulheres “cumpriam de uma forma séria os seus deveres, e cumpriam efectivamente. Tive exemplos, ao longo da minha carreira, que foram uma agradável surpresa.”








Coronel Caniné
Chegou pela primeira vez a este quartel em 1956, como alferes. Foi Comandante desta Unidade entre 1976 e 1980.
“Os militares que vinham antes para aqui, eram todos indivíduos que tinham uma certa cultura, eram futuros milicianos”, explica, “ganhavam miseravelmente, isso toda a gente sabia, ganhavam três mil reis por dia, mas tinham os pais que os apoiavam e tinham uma vida muito diferente da do soldado. Essa rapaziada vivia lá fora, em contacto com a população, dormiam, alugavam quartos… e não há memória de ninguém, de algum soldado, alguma vez, ter sido alguma vez incorrecto ou indelicado”.




Coronel Falcão
Chegou a este quartel em Maio de 1965. Esteve, diversas vezes, em África como militar mas, ainda hoje sente que este quartel “é a minha Casa, é raro o dia que não passo aqui ao quartel”, confessa.
“O facto de ter ensinado português e de ter dado instrução àquela gente, foi uma das razões que me prenderam ao Exército”, explica, “essa, era uma das funções do Exército, pelo menos no meu tempo”, esclarece, “até porque sempre existiram as Escolas Regimentais”.
A função do Exército hoje “é a mesma de sempre: é cumprir a missão que lhe é atribuída pela Nação. É uma missão de defesa. Mesmo quando atacando, é porque se está a defender os princípios da Nação”.




Coronel Junqueira dos Reis
Veio pela primeira vez para este quartel em Janeiro de 1966.
É natural de Tavira e pertence a uma família com uma forte presença militar. "A minha família está aqui há duzentos anos", relata, "o meu pai foi Comandante aqui, em 1954 e 58, depois voltou outra vez em 61".
Lê frequentemente sobre a História do Algarve, “desde 1756 isto foi sede do Comando do Algarve”, esclarece, “quando se deu o terramoto, aquilo ficou tudo destruído e o Governo Militar do Algarve, que era em então em Lagos, passou para Tavira. A partir daí há uma grande actividade militar em Tavira, uma presença militar efectiva muito importante”.
Foi Comandante do Quartel da Atalaia de 1991 a 1993.





Manuel Vicente
Fez a sua recruta em Beja, e entrou no Quartel da Atalaia em Outubro de 1967, tendo sido promovido a Cabo. Passados poucos dias fica impedido à barbearia e aqui fez o resto do seu serviço militar. Depois de passar à disponibilidade, ficou a trabalhar, como civil, tendo estado no quadro eventual durante nove anos. E aqui trabalhou toda a sua vida até chegar à reforma.
“Houve uma altura em que havia excesso de rapagens”, dá a saber, “sabe que os milicianos, quando entravam nos cursos que tinham, durante a recruta, quem apanhasse duas negativas seguidas, na segunda-feira levava uma carecada, (…), eu, à segunda-feira, tinha sempre 80, 90, a 100 carecadas para dar.”





Coronel Moreira
Chegou a este quartel em 1956 como alferes.
“Fiz os cursos de 57, 58, 59 e 60. Todos os anos, estava aqui como instrutor durante quatro meses,” relembra, “gostava muito de fazer estes cursos que, de facto, era uma coisa fora do vulgar, era um tipo de instrução completamente diferente da que estávamos habituados nas Unidades Operacionais”, esclarece, “é que aqui estavam-se a formar chefes. Isto era uma escola de quadros, uma escola de sargentos milicianos”.
Foi Comandante desta Unidade de Agosto de 1982 a Novembro de 1983.



Coronel Pontes Fernandes
“A primeira vez que aqui estive foi de 1 de Maio de 67 a 25 de Abril de 68”, esclarece, “já como Capitão, desempenhava as funções de Comandante da 4ª Companhia de Instrução e de 2º Comandante, por acumulação”. Regressou em 1970 como Chefe de gabinete de Estudos do CISMI. Mas, “nós passávamos mais tempo em África do que em Portugal”, elucida.
Aqui, foi também Segundo Comandante do Coronel Moreira e do Coronel Caniné.
“Na quinta vez que aqui estive foi quando deixou de haver o CISMI e passou a haver o Curso Especial de Oficiais Milicianos”. Foi Comandante desta Unidade.







Do activo:





Alferes Rodrigues
Encontra-se nesta Unidade desde 1 de Junho de 2009. É licenciada em Educação Física e Desporto.
“O meu dia a dia é ser oficial de Educação Física”, esclarece, “tenho que conquistar atletas para poder representar o Regimento lá fora”. É também adjunta da SOIS (Secção de Operações, Informações e Segurança) onde desempenha funções de Relações Públicas, e “resolver necessidades internas do Regimento para as quais tenho formação”.






Sargento Mor Silva
Fez a sua recruta no Quartel da Atalaia em Janeiro de 1982, saiu em Outubro desse ano para fazer o Curso de Sargentos. Regressou como Segundo Sargento em 1984 e aqui permaneceu até Janeiro de 1996. Voltou em Outubro de 2009 e aqui permanece até hoje.
Acha que a hierarquia é necessária, “aliás, faz muita falta”, afirma, “faz falta em todo o lado porque o respeito que há hoje pelas pessoas é nenhum”.
Como era a vida militar antigamente? Pergunto.
“A única coisa diferente é que havia muito mais militares. A Companhia do C.O.M., um Curso Especial de Oficiais que passou a CEF, e a Companhia da Recruta”, explica, “nos finais de 95 os militares começaram a sair daqui e isto ficou como Núcleo Permanente, para se fazer a extinção do aquartelamento”.







Tenente-Coronel Caldeira
Segundo Comandante do Quartel da Atalaia




Veio para o Quartel da Atalaia em 2010. Ser militar passa por “se estar a encarar a vida de cidadão sempre enquadrado nesta perspectiva de militar que sou, há vinte e sete anos, a obrigar-me a aceitar os vários desafios que me são colocados e a dar a volta por cima aos mesmos”, explica, “na adversidade se nota a fibra do combatente”, acrescenta, “ quando falamos em dar a vida, se necessário for… não há outra profissão que exija isto. Isto, afecta, com certeza, o modus operandi, afecta o pensamento, afecta a atitude”.









Coronel Nuno Pereira da Silva
Comandante do Quartel da Atalaia
Desde o princípio da sua carreira que o Coronel Nuno Pereira da Silva desenvolve projectos ligados à cultura e às artes. Ainda em alferes, remodelou e modernizou o Museu da Escola Prática de Infantaria e realizou a primeira exposição dos Infantes e as Artes, onde reuniu artistas e militares. Tem trabalhado sobretudo na área social e das relações públicas. Durante dez anos trabalhou nas relações internacionais do Exército o que o obrigou a viver muito tempo no estrangeiro. O contacto com o mundo, com a Europa, com os políticos europeus a quem fez assessoria como militar, foi fundamental para lhe dar uma perspectiva mais abrangente, o que se transformou numa postura diferente perante a ideia do que é comandar um quartel nos dias de hoje.




ficha técnica:


Paula Ferro nasceu em 1960, licenciou-se em Filosofia (Coimbra) em 1984. Frequentou o Ar.Co (Lisboa) em História de Arte, Estética, Desenho e Pintura. Frequentou cursos e workshops em Desenho, Pintura, Fotografia, Gravura, Cerâmica, Dança e Teatro.
Expõe desde 1993. Participou de diversas exposições individuais e colectivas em variados pontos de Portugal e em Espanha. Fez a curadoria de “Metamorfose da Habitabilidade” na Casa das Artes de Tavira em Julho de 2010.
Trabalhou como jornalista cultural no “Postal do Algarve” entre 2005 e 2010, tendo, nos últimos dois anos, escrito exclusivamente no “Caderno de Artes - .S” sobre Artes Plásticas. Desde Fevereiro de 2011, é a jornalista responsável pelo “espaço Min-Arifa” no diariOnline da Região Sul.
Está em residência artística no Quartel da Atalaia desde Janeiro de 2011.


Sara Ferreira nasceu em Lisboa em 1986, concluiu o curso de Artes Visuais da Universidade do Algarve em 2009.
Frequentou vários seminários de Arte na Universidade do Algarve assim como cursos de Dança Jazz, Ballet e Hip Hop. Fez voluntariado na Associação Cultural “Corpodehoje” e é um elemento activo na Associação Min-Arifa.
Foi Assistente de Produção no HopperHope, inserido no FORMAS 2010, em Tavira. Organizou um concerto de Bandas Rock na Casa do Povo da Luz de Tavira (Março de 2010). Realizou a exposição do Carnaval de 2011 no Ref Café;
Recebeu uma bolsa de Pesquisa da CIAC (Centro de Investigação em Artes e Comunicação), como Assistente para o Professor/Artista Rui Sanches.
Está a iniciar o Curso On-line com a Escola de Fotografia e Desenho IDEP de Barcelona, em Espanha.



Fotos e entrevistas de Paula Ferro

Reportagem fotográfica (visita guiada às exposições: pintura de Martins Leal e fotografia de Paula Ferro realizadas neste quartel) de Ilda Silvério

Montagem do vídeo por Sara Ferreira
com apoio de Nélio Guerreiro

Musica:
“Bluezzy” in “Dez Dedos de Conversa”, composições para piano, de Luís Conceição

"Sinnerman" de Nina Simone

Criação do cartaz por Joana Rego, com foto de Paula Ferro


Este evento conta com o apoio do jornal diariOnline / Região Sul.


Se quiser saber mais sobre Sara Ferreira, a artista visual que conjuntamente com Paula Ferro realizou esta instalação, pode ler esta entrevista no diariOnline da Região Sul:




residência artística que originou esta instalação nasce num outro evento no Quartel da Atalaia, ainda antes de a Associação Min-Arifa estar oficializada.


Este evento contou com a participação de Bruna Félix, com um momento de dança na inauguração das exposições.

Para mais informações sobre Bruna Félix, pode ler a entrevista que foi feita à bailarina e professora de dança no diariOnline da Região Sul:






"A Ria Por Horizonte", pintura de Martins Leal.
"sentir (me) pessoa", fotografia de Paula Ferro.
Sobre estas exposições:


"Martins Leal (Olhão) e Paula Ferro (Tavira) são dois artistas do sotavento algarvio com o olhar encantado pelo seu meio ambiente. Olhar esse que muitas vezes se encontra na Ria Formosa, embora aqui, Paula Ferro tenha preferido a água retida nos lagos da Biblioteca Municipal Álvaro de Campos – Tavira.

A Ria por Horizonte, (pintura) de Martins Leal, é uma exposição que se desenrola há anos. Todas as telas têm como título, o título da exposição, que viaja de local em local, sempre a mesma e sempre renovada, sempre em transformação, tal como a Ria.
Em registo abstracto, estas pinturas despertam-nos sensações que nos reportam para um horizonte que permanece a fluir.

Sentir (me) pessoa, (fotografia) de Paula Ferro, é uma exposição que explora o movimento e a metamorfose da forma a partir de reflexos onde encontra as estórias que narra sobretudo nos seus dípticos e trípticos.
Apontamentos de uma busca interior que é poética, filosófica e espiritual.

Duas exposições individuais porque distintas e autónomas mas onde se encontra um sentir comum que encaminha os dois artistas para o mesmo elemento, a partir do qual exibem impressões que se podem combinar e nalguns pontos se conseguem tocar na maneira como abordam e retratam o sentir a sua terra".

Rita Candeias

“A Ria Por Horizonte

A presente exposição de Martins Leal é a prova acabada da vitalidade de um artista que, preso ao seu torrão natal, não deixa, como tantos outros, arredar o coração do aqui e agora que é a vida de todos nós. ‘Ver o mundo pelo rio da sua aldeia’ como queria Fernando Pessoa é, no caso de Martins Leal, ver a Ria Formosa, onde cresceu e brincou como tantos olhanenses. Os trabalhos aqui apresentados são por isso fundamentais para que uma ‘arte nossa’ floresça e amadureça na consciência da universalidade que nos une aos outros povos. Raros são os artistas que conseguem estar na consciência dos eu tempo sem perderem a noção da realidade mais próxima que os cerca. Olhão já criou algumas personalidades como Francisco Lopes ou João Lúcio. Neste Pintor encontramos a mesma vontade de diálogo que anima essa ‘tertúlia’ de olhanenses universais. O seu mais recente trabalho situa-se na inquietação experimental que lhe renova os modos de ser e fazer, mas acentua com maior relevância a sua veia romântica, para o Sonho. Há algo da pintura simbolista de fim de século, uma tendência para a evasão nebulosa, de vagas incertezas, que o artista diz ter encontrado nas águas dormentes da ria, nos seus reflexos espelhados, como outrora, o poeta seu conterrâneo, havia já feito nas deambulações líricas pelos sapais, povoados de aves e quimeras, da Quinta de Marim. Importa ainda frisar que se trata de uma pintura madura, tecida na longa prática de atelier, onde este jovem ‘mestre’ dá o melhor que tem e sabe a uma mão cheia de alunos aficcionados. Por todas estas razões podemos decerto crer que estamos perante uma obra onde se pode encontrar o melhor que o Algarve tem para dar através dos seus artistas.”
                                                                                José Bívar

“Sentir (me) pessoa” é uma exposição que fala de movimento e metamorfose.
Atraída pelo projecto de Carrilho da Graça que transforma a antiga prisão de Tavira na Biblioteca Municipal, Paula Ferro deixou-se fascinar pelas impressões que se desenrolam nos lagos sitiados no jardim interior desta biblioteca e escolheu-os para cenário único das suas fotos. Durante um ano fotografou as impressões que foram acontecendo em diversas horas do dia, em todas as estações do ano.
Esta biblioteca foi nomeada como Biblioteca Municipal Álvaro de Campos em homenagem ao heterónimo pessoano que nasceu em Tavira, cidade onde Paula cresceu e aprendeu a ser, também entretecida com a multidimensionalidade de Fernando Pessoa.
Movimento em bocados de água contida onde o ambiente envolvente se deixa tombar em reflexos que falam da transformação da forma em impressões que relatam sobre outros recantos da vida.
Poesia, espiritualidade e surrealismo soltam-se de um conjunto de fotos onde a busca do sentir (se) um poeta outro se confunde e se mistura com o sentir (se) ela pessoa.
                                                                              Rita Candeias